segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Grito de Guerra.

Posted by Carolina Desirée On 16:47
As borboletas agitadas.

"Estou a fim de você"

Mas a verdade: era paixão.

Eu sabia, o certo seria atirar-me nos trilhos para matá-las.

Agora quero estar comigo.


O All Star vermelho voltou aos pés.

Não importa quantos batons eu compre, ainda existem cacos perdidos.

Os fios pretos dos cabelos esvoaçam com o vento.

E as unhas pretas com glitter.

Mas meu grito de guerra está amassado nos seus bolsos.


No meio-fio com amarras.

Você foi meu parque de diversões.

Mas rasgou minhas costas enquanto eu dormia.

E para si levou meu grito de guerra.


Se ainda soubesse usá-lo...


Quis que eu confessasse traição para descansar em paz.

Sodomizou meus miolos quando me pedia para sermos felizes na semana seguinte.

Com a voz em calda adocicada descrevia o quanto me amava.

Sem amor.


Eu só queria ir ao parque!


Questiono-me: Sociopata ou doente mental?

Necessita de choques elétricos ou a aprender a amar-se?

Devolva minhas terminações nervosas para que eu volte a sentir.

Para que eu faça sentido.


Sadismo e masoquismo.


O All Star vermelho voltou aos pés.

Não importa quantos batons eu compre, ainda existem cacos perdidos.

Os fios pretos dos cabelos esvoaçam com o vento.

E as unhas pretas com glitter.

Mas meu grito de guerra está amassado nos seus bolsos.


Na síndrome de Estocolmo há dois caminhos:

Case-se com o sequestrador ou queime o véu da noiva.

Queime o véu da noiva.



quarta-feira, 23 de março de 2016

O caminho do mar.

Posted by Carolina Desirée On 08:29
Pegadas na areia.

Em sussurros rugiu.
Não esbravejou.
Correu aos pés dos ouvidos.
E afirmou-se como trovão.
É a calmaria.

Na brincadeira de pegar da nuvem.
Ela não alcançou a estrela.
A primeira.
No manto que não se toca com as mãos.

Na areia molhada.
O fundo do oceano em remotos tempos.
No futuro as profundezas.
Cintilações à beira-mar.
Clamam! Entusiasmo!          
Há o céu no fundo do oceano.
Mas só o enxergamos na noite.
Na terra á vista.
Permita-se desfrutar.

E se você olhar no distante.
Na ponte do rosa ao roxo há o arvorecer.
No vale dos dinossauros.

Na despedida anil contam-se histórias antes de dormir.
Como a dos golfinhos ou da baleia.
Os enredos no segundo transformam.
A bota do presente do natal! 

E as ondas elas te convidam ao mergulho.
“Quedas d águas, cataratas, cachoeiras.” Há no fim.
O abismo onde se perde o que ou quem se descuidar.
Cuidado, você pode ir para lá!
O que não se conta.
É que é a origem.
O despenhadeiro.                       

O despertar da bonequinha.

Posted by Carolina Desirée On 07:27
          - Não faria de novo.
          Às lágrimas, em amargura nos portões do edifício, Helena. Eu com um pijama de estrelinhas propositalmente como quem passa o dia em companhia de livros e chocolate quente. Doce inocência. Quem dera esse tivesse sido o dia...   
          - Vou chamar a polícia! – ela gritou. – Onde está minha filha?  - questionou ao adentrar no condomínio.
          - Não sei de nada. – eu disse. Por três vezes repeti a mesma frase. Nunca dominei a arte da mentira. Este era meu máximo.
          Helena atropelou-me.
          - Vamos conversar no apartamento. – ela impôs.
          Evitei os olhares. Como um martelar ou um tic tac que somente eu ouvia no elevador Helena chorou baixinho. A ré. Acreditei com essa minha mania de dar voto de confiança nas palavras das pessoas, pois não há motivos para mentiras. Há?
          No apartamento, minha tia, com sua experiência em lares destruídos, utilizou técnicas desenvolvidas no trabalho para acalmá-la. Não teve sucesso, acho. Ou teve? Percebi seu objetivo de demonstrar que Sabrina por lei podia tomar as próprias decisões. Minha mãe? Pressenti como queria torcer meu pescoço como se faz com as galinhas antes de irem à panela somente com seu olhar. Sentiu-se decepcionada por eu ter compactuado com o mau.

          Meses antes, um grupo de amigos e eu reunidos numa lanchonete conversávamos sobre nossos tormentos, quero dizer, insatisfação por desfrutar da companhia dos familiares e vidas por eles regradas. Decidíamos ali como não ser no futuro. E o adolescente pode agarrar-se a seus próprios valores e desafiar pensando ser inabalável. 
           Sabrina saiu do colégio Luminnus para faculdade. Pretendia formar-se em Administração de empresas e conforme idealizou Ícaro Inoue, seu pai, percorrer sua trajetória profissional e colher os saborosos frutos do caminho dourado como ele fizera. Aparência, compras, carro de presente de dezoito anos. Luzes cor de ouro nos cabelos e brincos de argolas em cristais, Sabrina iniciou carreira em estágio sem a preocupação de contas à pagar.  O namorado mais novo, Thomas, apaixonado. Quase casal quase feliz.
          Um rapaz mais velho, Leandro, não fazia o tipo “atender aos caprichos de menininha mimada”, mas rendeu-se aos encantos da recém-chegada colega de trabalho. 
           - Ele é igual a mim! – confidenciou Sabrina extasiada. – É extrovertido!
           A garota sentia o corpo estremecer quando seus olhares se encontravam. E os castanhos olhos dela luziam como rubis. Incandescentes. Apaixonados.
          Concordei. Melodia entre Thomas e Sabrina não existia. Ele transmutou de Nocturnes de Chopin para Reflections de Apocalypca adequando-se. Mas as sonoridades das escolhas não se apresentaram ao seu favor. Ele descobriu isso da mesma maneira que os bravos cavaleiros anteriores a ele. 
           Thomas perseguiu Leandro e Sabrina. Possessão. Um timbre do mundo apresentado pela garota.  Desmereceu o caráter de Leandro até intoxicar os pais da moça.
           Helena e Ícaro se opuseram a relação da filha com o bandido. Pré-conceito? Desconheço a origem do sinônimo bandido em relação a Leandro. Fora um momento de introspecção, onde Laura com seu pijama de estrelas passou tardes em companhia de Meg Cabot e não se relacionou com amigos. Muitas informações se perderam com o afastamento. Foi o período onde os timbres revelaram-se contra ela também.

          Na manhã de gloriosos raios quentes, véspera de feriado prolongado, Sabrina não chegou ao trabalho. Seis meses desde o início até fatídico dia.  Com a apreensão do aparelho celular iniciou-se a prisão domiciliar. Posteriormente, os fios do telefone foram arrancados da parede. Se verdade não sei, mas não consegui contato nesse dia.
           A casa da família Inoue em reforma. Noites eram passadas no escritório, nos altos nos fundos da residência. As roupas e pertences mantidos em casa. Na manhã seguinte os pais e o irmão, Alex saíram. Sobrado trancado, portões trancados. Ela podia circular pela garagem, piscina e escritório.
           Sabrina surpreendeu-se com os saltos afundados na pirâmide de areia abaixo das janelas da sala. Desenfreada, retirou máscara de boneca delicada para aventurar-se a entrar em casa pela janela. Como moleque travesso fez a linha no telefone retornar, no chão, abaixada entres os fios da telefonia.

          Será que o detetive a seguia por todos os lugares como a mãe a fizera acreditar? Será que detetive realmente existiu?

          Na biblioteca da UNIFEB, Leandro e Sabrina se encontravam com freqüência. Questiono-me sobre quem deu a idéia. Não tenho palpite... Não acreditei na fantasia de Sabrina. Ela comentou sobre aprender a cozinhar. Tornar-se dona de casa? Limpar privada? Por favor...  Pareceu-me um insano sonho masoquista de quem a pouco descobriu o que é puxar a corda do ônibus.
          - É muita responsabilidade.
          - Você enlouqueceu.
          - Ela não larga tudo o que tem, tenho certeza. – diziam as amigas.
          E tudo indicava que não.

          Assustei-me quando me vi com malas nas mãos, carregando-as pela rua até minha casa para esconder. Oito malas! Muito discreto para quem vai fugir...  Hoje eu sei. Como Thomas também mergulhei no mundo de reviravoltas de Sabrina. Sua bagagem adormeceu em meu quarto e despertou na tarde seguinte com os cutucões de uma mochila e enorme sacola recheada de sapatos...
          Não eram lágrimas de arrependimento, mas uma mescla de sentimentos em um coração comprimido pela impossibilidade do diálogo. Abraçamo-nos. Aguardamos Leandro na entrada do edifício onde moro.
          Malas, porta-malas, abraços e agradecimentos. Adeus? Não foi rápido ou prático como parece, mas inominável.  
          No rodamoinho do martírio engolfei-me. Eu não sabia para onde tinha ido. E o prego pontiagudo da inquietação pareceu bicar meu estômago como o anjo da consciência que te faz lamentar por seus atos.
          Os explosivos da enxaqueca caminharam em minha direção como fogos de artifício.

          O interfone chamou-me.
          Como no jogo de conseqüências ou do perigo, ela encarou a família como desafio. Não sei se posso dizer que venceu.
           Está liberta. Aproveite por mim.
          Não posso mais atender ao telefone. E se um dia Sabrina voltar não vou visitá-la.  Não me orgulho do que fiz, mas não me envergonho. Foi emocionante! Emocionante para quem nunca aventurou-se.  Marcas de amadurecimento cravadas em seis pessoas. À Helena, como combinado, só pude dizer que nada sei. Fitei-a encaminhar-se ao elevador.

          Thomas aproximou-se de Laura.  Não prevejo finais,  mas estamos a caminho de um feliz. Talvez.  
  
          
          

   
           
               

quinta-feira, 3 de março de 2016

Divindade.

Posted by Carolina Desirée On 16:54
Raízes do entusiasmo.
Ramificam-se no corpo.
De abraços.
Inflados os pulmões estão.
O sopro toca as cordas.
Como o arco desvenda o violino.
Evoca música à garganta.
E pelas narinas se une o universo.
Em galhos abertos.
O Ser.

Submersão.

Posted by Carolina Desirée On 16:31
A mente divagou.
Os ponteiros silenciados.
Em viagem.
As asas dos morcegos rasgam.
O véu do luto estrelado.
Os livros no repouso.
Das fileiras metódicas fitam.
As cortinas dançarinas.
No compasso das suaves ondas.
O ventilador de teto estático.
Zela por filhote em cochilo.
O couro em pelos em tranquilo ritmo.
Sobe, desce.
Sobe, desce.
Calam-se os pensamentos.
Em mergulho abafados.
No veludo negro.
Das pálpebras caídas.

Saciada.

Posted by Carolina Desirée On 16:04
Brisa do ar.
Em globo como as esferas natalinas.
De neve recheadas.
Em seu ventre vida.
Flutuando.
Mescla os sorrisos.
Na serenidade deleita-se.
O que vê nas indagações da liberdade?
A luz transluz.
Aura de alegria.
Questionamentos absorvidos no terreno em seu interior.
E se os seres a permitem pairar.
Escolhe quando transmutar.
Em outros planos.

Gotículas dissipam-se.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Pergaminho.

Posted by Carolina Desirée On 17:00
Vou seguir os meus tijolos amarelos.

Que de nada amarelos são.

Quando o sol despertar.

O importante é ao lado de quem vou estar.

No itinerário o fantástico é a esperança.

De perseverar.

De mãos dadas assistir.

A chuva de meteoros cair.

O que ficará são as aspirações.

Em cadernos letras.

Redações.

Sobre o merecimento do existir.

Para que se possa refletir.

Foi o que até então consegui.
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    Textos produzidos em Oficina Literária Como escrever um livro. Curso iniciado em agosto de 2014. O professor Marcelo Ariel em cada aula nos desafia com diferentes temas e formatos de textos (escritos de dez a quinze minutos em média) Proponho que em cada "lição", o leitor do blog imagine o que foi sugerido em aula. Quem será capaz de adivinhar? Em alguns textos há personagens do livro em andamento em meu computador. Em abril de 2015 iniciaram-se as reuniões do Grupo de Estudo criado em oficina. Textos produzidos para essas reuniões terão marcação de Grupo de Estudo.